segunda-feira, 6 de abril de 2009

Transexual briga contra discriminação na Justiça

ITU (SP) - Transexual assumida desde 2007, Nilce Silva, de 47 anos, levanta cedo e se arruma para trabalhar, todos os dias, no setor de ambulâncias da Prefeitura de Itu - onde exerce a função de motorista concursada há 13 anos. Mas desde que assumiu sua opção sexual e passou a se vestir como mulher, ela tem passado cerca de oito horas diárias no alojamento, apenas cumprindo horário. A funcionária alega que tem sido discriminada, o que é negado pela municipalidade. Ela entrou na Justiça com pedido de indenização por assédio moral e discriminação e quer ter reconhecido o direito de trabalhar vestida conforme sua opção sexual. Na última segunda-feira, dia 30, houve uma audiência, quando as testemunhas do caso foram ouvidas. A sentença deve sair em 40 dias.

Nilce, que foi registrada como Nilson Pereira da Silva, há dois anos assumiu sua transexualidade e passou a se vestir como mulher: com salto alto, vestidos e acessórios, como brincos e pulseiras, além do cabelo comprido e unhas pintadas. Desde então, o número de viagens como motorista de ambulância foram caindo até que deixou de vez a função, no final do ano passado. Atualmente, a motorista que apenas cumpre hora.

Procurada ontem pela reportagem, Nilce não quis dar entrevista. A justificativa é o temor de que a imprensa interfira no curso do processo por conta de sensacionalismo sobre o caso. A transexual se limitou em informar que irá lutar pelos direitos de trabalhar e da liberdade de ir e vir - incluindo o modo de se vestir - até a última instância. A Prefeitura de Itu alegou que não há discriminação e justificou que a ambulância que a transexual trabalhava quebrou e está no conserto.

Apesar de negar a discriminação, nos poucos minutos que a reportagem esteve na garagem das ambulâncias foi possível perceber algumas brincadeiras discriminatórias por parte dos colegas de Nilce, principalmente sobre o motivo que levava a equipe até o local. Além disso, minutos antes da reportagem chegar e conseguir contato pessoalmente com a transexual, a telefonista da garagem havia informado que a motorista não estava nas dependências do setor e que havia saído a trabalho. Fato que não ocorreu, já que Nilce estava sozinha no alojamento.

Transexualismo
De acordo com o site ABC da Saúde, o transexualismo significa que a pessoa tem o corpo de um sexo porém sente-se como pertencente ao sexo oposto. Por exemplo, um transexual masculino pode expressar que se sente uma mulher presa dentro de um corpo de homem. Além disso, um transexual sofre por acreditar que houve um erro na determinação do sexo anatômico.

É importante se diferenciar o transexualismo de travestismo e homossexualidade. No travestismo a pessoa não sente que sua identidade de gênero está trocada, mas usa roupas do sexo oposto com objetivo de ter prazer erótico. Apenas em casos em que a pessoa passa a se vestir como mulher a maior parte do tempo e ter dúvidas e sofrimento em relação a sua identidade de gênero é que se deve pensar que possa haver transexualismo latente. Já no homossexualismo, a pessoa também se sente adequada quanto à determinação de seu sexo, porém tem atração afetiva e erótica por outra pessoa do mesmo sexo que ela. (Leila Gapy, com informações da AE)

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